segunda-feira, 13 de julho de 2015

Inteiridade


Inteiridade é presença naquele que reconhece e ilumina partes individuais de si mesmo e as integra. É um processo no qual o consciente deve reconhecer e iluminar (tornar conhecido ou consciente) o subconsciente para que juntos possam  observar e integrar o inconsciente (desconhecido)
No oceano da consciência, tudo é expressão dela própria em diferentes formas e fases:

- O consciente é a forma manifesta da consciência (Shakti) na qual a mente se identifica com a matéria (Prakriti) e a vive (lila). A mente torna-se ego pessoal (Ahamkara), e a consciência torna-se o inteleto (Budhi).
- O subconsciente é o sem-forma manifesto da consciência (Shiva) em que o coração sente e a mente interpreta e distorce. Emoções, sentimentos, memórias, crenças, arquétipos, criança-interior e padrões ou tendências psicoemocionais e comportamentais (vasanas e samskaras). A mente torna-se impessoal (búdica) e a consciência torna-se o self (Atman).
- O inconsciente é o não manifesto (Brahman), o princípio divino, a fonte que une. A mente torna-se não mente (Moksha) e a Consciência (Purusha) torna-se presença Transpessoal, para além do pessoal e individual.

Inteiridade é o reconhecimento direto que a ilusão (maya) da torção é o infinito distorcido por aquilo que é manifesto nele próprio. Iluminar é o reconhecer direto da torção na forma.

Tudo é... Consciência Pura.
Jorge M. Porfírio


"Até que você faça o inconsciente consciente , o subconsciente vai continuar a conduzir a sua vida, e você vai chamá-lo de destino." - Carl Jung


"Não há despertar de consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando aos limites do absurdo para evitar enfrentar a sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão."

'A Prática da Psicoterapia' - Carl Jung
Namastê

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domingo, 12 de julho de 2015

O Equilíbrio

Na vida há momentos em que somos levados a prados floridos e verdejantes, outros em que damos por nós em vales e em becos sem-saída. Assim é a vida, e querer fugir disso é mantermos enclausurada uma parte importante e vital de nós próprios. Nestes caminhos somos convidados a observar e agir perante o que a experiência dá a sentir. Somos convidados a observar a forma e grau de interesse e apego com que nos deixamos identificar por uma das partes e ao mesmo tempo criando aversão e resistência à outra. Persistiremos assim no não reconhecimento de partes de nós próprios que fazem de nós seres humanos sensíveis, emotivos, racionais e conscientes. Por muito que evitemos olhar para essas partes, enquanto não forem resgatadas do inconsciente e reconhecidas no consciente e integradas, esse não reconhecimento e resistência manifesta-se no exterior através da forma como sentimos atração ou aversão por ele.


Por vezes procuramos pelo branco, quando o que precisamos é o preto. Por vezes encontramos o preto e mais tarde torna-se branco. Somos constante mudança, e a vida é mudança. Por vezes optamos pela reação desde a defesa daquilo que acreditamos ser o seguro, o conhecido e confortável para a nossa pessoa. Tendo integrado partes do inconsciente, responderemos perante o desconhecido com uma atitude de neutralidade, aceitação, fluidez, reconhecimento e gratidão. Por um lado, uma ação brota desde a mente/ego que tende a querer controlar e proteger uma parte inconsciente do passado; a outra brota como resposta desde a inteligência cardíaca sempre presente do e no coração, através de um impulso oriundo desde o profundo inerente do indivíduo, para lá e apesar dos seus filtros mentais.

Uma vez que estas aparentes distintas formas de lidar com a experiência sejam tornadas conscientes, convém agora estar atento a quando se tende a “querer” manter ou agarrar o equilíbrio. Essa atitude será espelho da tentativa da mente de querer controlar algo, querer manter o equilíbrio. Reconhecido isto, o equilíbrio não se ganha nem se adquire, antes se perde dissipando-se nevoeiro do inconsciente que nos levava a acreditar e a identificar com a dependência do “querer” e do conceito, do alimento para a mente. Assim, para lá do conceito, o equilíbrio aparece, tal como o Sol que sempre lá esteve atrás das nuvens que o encobriam.

Tal equilíbrio desponta desde uma vulnerabilidade consciente que aprende a contornar e a reconhecer-se a si mesma ao longo do rio da vida e em tudo aquilo que o mesmo possa conter… Aceitando pontes, flores ou rochas no rio contidos, e assim deixá-las para trás, libertando-as não a elas mas à identificação que se tinha para com elas. Contornando-as, sem as combater, julgar ou rejeitar. Ser vulnerável é assim coragem de Ser a essência essencial para si mesmo e permitir que essa fragrância seja emanada ao longo do rio, preservando e honrando a presença profunda e integral. Daí advém a sua força, amorosa e integrativa. Ser vulnerável é assim não sinal de fraqueza mas de força sustentada.

Eventualmente, chegará o momento de libertar também o conceito de equilíbrio, o conceito, a mente dual, para que a essência do profundo se expresse desde o centro e se manifeste através das mãos, a origem da ação, manifestação e co-criação consciente. Naturalmente essa ação será reflexo de um equilíbrio que não depende nem do exterior nem tão pouco da forma como a mente o interprete, mas sim do estado natural que vem desde o mais profundo, outrora visto e entendido como separado, mas agora reunido pelas olhos, pés e mãos conscientes daquele que agora observa,  reconhece, respira, integra, caminha e vive o caminho do meio.

... Caminha, viajante.

Namastê,

Jorge Miguel Porfírio
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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sombra Amiga



Todo o ser humano é um ser vivo na vida. Para ser vivo na vida, há que reconhecer, aceitar e integrar o que define esse intervalo “vida”, o começo e o fim. A dualidade na condição da existência humana.

A sombra existe sempre que existe uma forma. No esfera do comportamento humano, sombras são aspetos de nós mesmos que fazem sentir contração, limitação ou dependência. Assumem muitas vezes comportamentos de defesa, resistência, medo, insegurança, controlo, desde processos psicoemocionais identificados a um passado e projectados para um futuro. São aspectos de nós próprios à espera de serem reconhecidos, aceites, observados, integrados e assim tornados conscientes pelo próprio. O trabalho com a sombra, pressupõe um reconhecimento de que, para haver sombra, tem de haver galhos e tronco. Terá de existir aquilo que se acredita ver e ser, ou seja, o conhecido. Para haver galhos e tronco, terá de haver raízes que suportem e nutram essas partes. O facto de não serem visíveis, não implica a sua não existência.

Tendemos a focar apenas os galhos, perseguindo frutos, descurando que, dependendo da qualidade da raíz, assim será a qualidade dos frutos que os galhos suportam. As sombras são assim resultado do relacionamento que nutrimos connosco próprios que por sua vez se relaciona com o outro graças à dinâmica da interação humana. Assim a vida funciona como um espelho onde vemos refletida essa parte de nós. Sombras são pérolas contidas no invólucro dual e membrana da esfera pessoal. Sombras são grandes professores na arte de reaprender a ser.

Haja Amor desde as raízes para que as sombras possam ser iluminadas e integradas. Sejamos a visão cristalina da necessidade da humildade do reconhecimento de todas as partes de nós. Essa é a responsabilidade matura e consciente de individuação e liberdade consciente. Esse é O passo. Um passo a ser dado desde dentro e para dentro, desde as entranhas da árvore individualizada que cada um é nesta floresta que somos, qual seiva vital que percorre o ser e impulsiona a força primordial da vida. Estamos juntos neste caminho.

A via Transpessoal facilita esse caminhar e o reconhecimento consciente e direto do resgate de pérolas de nós próprios.

Fica aqui.
Nutre as tuas raízes...
Celebra o teu tronco...
Abraça os teus galhos...
Partilha os teus frutos...
Integra as tuas sombras...
Escancara as portas do teu coração,
E nele respira um "Obrigado!".
... E fica Aqui.


Namastê,
M.
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quarta-feira, 8 de julho de 2015

O Imprevisto Acontece



As coisas, imprevistos e acontecimentos na vida, por si só, são neutros. O que lhes dá importância é o grau de identificação, apego e dependência que consciente ou inconscientemente nutrimos pela emoção que nos dão a sentir. Há emoções que fazem sentir contração cardíaca, outras expansão cardíaca. Aquilo que estas palavras representam para ti e ressoam em ti não será o mesmo para outra pessoa. Cada pessoa é um mundo, cada uma um caminho, um momento individual fluindo no momento do todo. E, assim, o Sagrado nos toca a todos... para que observemos e reconheçamos diretamente a ilusão daquilo que acreditamos ser para sermos aquilo que nunca deixámos de ser. Serena mas focada atenção no imprevisto.

Namastê,
M.
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