sexta-feira, 24 de abril de 2015

Torne-se Oceano


Todos os rios fluem em direção ao oceano. Ao longo do seu trajeto, nas margens da sua existência, cada um nutre e devolve vida à vida. Chegará um momento em que deixa de ser Tejo, Mississipi, Ganges, Danúbio, Nilo, Amazonas, libertando a sua identidade e fundindo-se no Oceano.

Qualquer forma de identidade conceptual, física ou emocional, não poderia existir se antes dela mesma não fosse já Oceano, Pura Consciência. No momento desse reconhecimento, deixará de haver “tu e eu”, “meu e teu”, “certo e errado”, “interior e exterior”, “dentro e fora”. Separação existe apenas na identidade.

A procura adormecida, perpetuada pelo hábito da identificação com o nome e a forma, transforma-se de forma natural e sem esforço num encontro desperto com o Oceano da pura Consciência.

Os rios continuarão a fluir, mas de alguma forma agora com mais espaço, deixando de “correr” para ser.

Contemple o seu Rio e torne-se Oceano… Ele é Agora!

Namastê
M.

domingo, 19 de abril de 2015

Linhas da Vida



Na linha da horizontalidade da condição e experiência humana, existe o tempo.
No eterno presente, emana a linha da verticalidade atemporal do ser.

Desde o ponto de encontro dessas linhas, no meio dessa cruz, possa o ser viver... desde o Centro.


Om Shanti
M.

sábado, 18 de abril de 2015

Mooji, O Silêncio de Ser

"Quando o homem procura por experiência, ele se torna o corpo.

Quando ele procura por conhecimento, ele se torna a mente.

Quando ele procura por Deus ele se torna o Coração.

Quando ele procura pela Verdade ele se torna em Nada."


- Mooji

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Relacionamentos

Viver é relacionar-se. Viver é relacionar-se com a vida. Viver é relacionar-se a Vida com Vida. Ser vida é ser consciente da forma como nos relacionamos connosco próprios na dinâmica da relação com o outro. Viver um relacionamento é relacionar o que está dentro com o que está fora. Relacionar é a arte de aprender a ser vida com outra vida.


Relacionamo-nos com tanta coisa e tantas pessoas à volta, que negligenciamos a forma como nos relacionamos connosco próprios no vasto oceano de efeito espelho que a vida é. Relacionamos o nosso “mundo” com outros “mundos”. O descobridor relaciona o seu mundo com mundos de outros descobridores. 

Relacionamo-nos com a cara-metade, com o pai, com a mãe, com o filho, com a filha, com a família, com o amigo e com a amiga, com o colega, com o padeiro, com a peixeira, com o polícia, com o ladrão, com o mendigo, com o banqueiro, com a política, com a religião, com o futebol, com a televisão, com o jornal, com o que está “bem”, com o que “está mal”, com o preconceito, com o tabu, com o politicamente correto e incorreto, com o socialmente aceite e não aceite, com o desconhecido, com o conhecido, com o espelho, com o relógio… relacionamos emoções de medo com pensamentos de luta, relacionamos pensamentos de dor com ações de raiva, relacionamos gestos de compaixão com gestos de amor, relacionamos reações com respostas, relacionamos dar com receber, relacionamos dependências com independências e interdependências, relacionamos pensamentos com ações, relacionamos a nossa forma de viver o mundo com outras formas de viver o mundo… Relaciona-se o futuro com o passado, a procura com a emoção, a paixão com a inércia, o prazer com a culpa, o engano com o desengano, a verdade com a mentira, a ilusão com a desilusão.

…Será que relacionamos? Como relacionamos? Será que “disparatamos”? Somos a relação ou somos testemunhas da dinâmica da relação, observando e assumindo responsabilidade da coerência e transparência da relação que tenho comigo próprio em primeiro lugar? Por vezes há “mundos” psicoemocionais inconscientes formados por malas do passado e passaportes para o futuro, que influenciam a dinâmica dos relacionamentos que temos no presente. Muitas vezes queremos dizer sim e sai um não, muitas vezes queremos ir para a direita e vamos para a esquerda. Direcionamos a atenção tendencialmente para aquilo que está fora, na ânsia de tratar algo que está dentro. Assim vemos fora apenas o que acreditamos que queremos ver, não vemos fora o que ainda não aceitamos, conhecemos e compreendemos dentro.

Toda a forma de relacionamento é uma ponte de encontro entre dois pontos, duas entidades, dois descobridores. Nessa dinâmica, poderá haver atração ou repulsão, afeiçoamento ou aversão. Pode o afeiçoamento ser a ilusão de uma procura desencadeada pelo medo? Pode a aversão ser um dedo que toca numa ferida por sarar? Afinal, o que é o quê? Uma simples palavra tem importância relativa, aquela que cada “descobridor” acredite e lhe “agrafe”. O que dá poder a uma simples palavra? Acreditar! Acreditar tal como acreditas que és o nome pelo qual a tua pessoa é chamada. Como pode o desconhecido ser descrito? Como pode o incerto ser tomado como certo? O relacionamento pode também muito bem ser um ponto de crescimento e amadurecimento em direção a algo mais profundo, para lá do “descobridor”, a entidade que “procura”. Quem procura? E o que procura?

Aquele que se despe de si próprio, da imagem de si próprio, será aquele que se capacita a si mesmo para estar presente, sem ruído mental e emocional do passado ou do futuro. Simplesmente está. Presente. Aquele que está agarrado a algum tipo de ilusão de segurança, de identificação, carregará consigo todo um mundo de memórias, de emoções, de crenças, julgamentos e “agrafos”, de sentimentos e projeções que interferem nas pontes criadas com o outro. Que mexem e condicionam o presente. Relacionamento sim, mas será relacionamento entre quê? Entre quem? Quem ou o que se relaciona? 

Relacionamento quando vivido de uma forma presente, é uma arte. Uma arte de comunhão e comunicação, interagindo com a Vida para lá dos olhos do outro. Relacionar pode ser uma oportunidade de clareza de ver e Ser Vida, e por outro lado pode ser um botão “repeat”, mais do mesmo, areia para os olhos do “descobridor” que se relaciona. 

Relacionar é observar a forma como se interpreta a vida, se necessário for interpretá-la… Observar a forma como é sentida, se necessário for sentir… Observar a forma como é aceite, ou não aceite. Observar a forma como se mantem a luz do discernimento presente e no presente. Afinal mastigar, saborear e digerir a Vida não é a mesma coisa que engolir a vida ou torcer o nariz e virar a cara para o lado, à espera de outro prato. Mas tudo está bem pois, na verdade, aquele que come está já comido pela Vida. No fundo, não há aquele que come, nem tão pouco há o comido. Poderá alguém comer ninguém? Tudo se relaciona na mesma forma como se relaciona com ele próprio. Tudo caminha e se relaciona na medida do tempo certo e no lugar certo… no momento certo.

Seja qual for o relacionamento para o qual olhes na tua vida - afetivo, social, profissional - esse será sempre o relacionamento perfeito para te dar a observar e a sentir o ponto de liberdade consciente onde te encontras na forma como te relacionas contigo próprio de acordo com o teu grau de entendimento. E isso por si só é perfeito! Respira e Sê grato! Ter liberdade em qualquer tipo de relacionamento é não só escolher relacionar ou não com o outro, mas estar consciente da forma como me relaciono comigo próprio no relacionamento com o outro. Não se trata de egoísmo, mas de respeito e amor próprio.

Namastê ~ M.
www.raiosdomesmosol.blogspot.com

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Resistências

- a visão Transpessoal

Resistência é qualidade daquilo que bloqueia ou resiste a algo novo. Supõe estanquicidade, defesa, ataque, medo em torno de algo. Num nível de desenvolvimento pessoal, uma resistência forma-se desde uma experiência do passado por assimilar e integrar até ao presente, limitando a expressão da vida influenciando assim o futuro.



Situações aparentemente triviais da vida quotidiana podem ressoar com algum tipo de resistência interna existente, desencadeando reações (atitudes baseadas no passado) de defesa/ataque, sejam elas internas (pensamentos, emoções) ou externas (palavras, ações, gestos). Assim observada, resistência é um SOS, uma chamada de atenção para dentro, de forma a ser observada a raíz de algo que se está a fazer manifesto através da Vida.

Funciona como uma bolsa emocional alojada no inconsciente, à espreita do momento certo para vir à superfície e dar sinal da sua existência. Por ser necessário ser observada de forma consciente de forma a poder dissolver-se, a resistência revela-se de várias maneiras, vendo-se a ela própria através do “espelho” exterior numa situação, pessoa ou experiência.

Por muito que se tente evitar, enquanto a base do efeito, a causa, não for vista e exposta à luz da compreensão, a “professora” vida encarregar-se-á de colocar à frente do estudante mais do mesmo até que eventualmente a lição seja assimilada.

O Transpessoal aborda as chamadas resistências como os anéis da cana de bambu – marcos importantes na vida desde os quais se aprende e se cresce a nível da maturidade emocional, expandindo a Consciência. Cultivando um estado de atenção plena, são iluminados novos corredores neuronais, novas vias de percecionar a realidade de uma forma mais fluída e desimpedida de filtros psicoemocionais. As resistências convertem-se assim em autênticas pérolas de sabedoria, rumo a um ser mais liberto.

Porque por vezes vemos aquilo que acreditamos, é necessário observar a forma como vemos.

Namastê ~ M.
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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Falta de Rumo na Vida

- a abordagem Transpessoal


Muitos são os estímulos exteriores nos dias de hoje que chamam e tornam cativa a nossa atenção. A vida parece ser empurrada em função do “faz isto”, “sê aquilo” “tem aquilo”, muitas vezes em direção a expectativas de outros que assumimos como nossas, e assim vivemos o dia-a-dia. Sentimos até obrigação de responder às mesmas expectativas do outro de forma a sentirmos aceitação. Entretanto, no interior e, tal como um vulcão que desperta, são ativados de forma mais ou menos consciente sentimentos de competição, comparação, inferioridade, baixa-autoestima, medo de rejeição, sensação de “ter que lutar” na vida gerando tensão. Tudo isso acaba muitas vezes por “explodir” em stress, reatividade, nervosismo, depressão, insónia, insegurança, fobias, etc.


Na sociedade consumista na qual se vive, cultivar e alimentar a paixão individual profunda que dá a sentir o sentido da vida, é algo que acaba por ficar eclipsado por objetos/identificações externas. E assim, tal como num eclipse o Sol fica escondido por detrás da Lua e deixa de haver luminosidade, deixamos de “ver”. Sentimos confusão, falta de confiança, acabando por permanecer resignados, conformados, “adormecidos” por não se vislumbrar o caminho e a orientação a tomar.

No Transpessoal são utilizados exercícios específicos de forma a estabilizar e a cultivar a presença, o estado consciente que observa o conjunto de crenças, sentimentos, emoções e identificações psicoemocionais que moldam a personalidade que se vê confinada dentro dela própria, não vendo caminhos nem opções. Desse espaço de observação, aflora naturalmente um despertar, um “dar-se conta” para aquilo que realmente se intui importante fazer acontecer, o passo a dar bem como aqueles que agora se observam caducos.

Vive o teu sonho. Todos os outros estão a viver o deles.

Namastê ~ M.
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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Yoga e a Árvore


Lutos e Perdas

- a visão Transpessoal -


O ser humano atual tende a viver o momento identificado com o seu corpo, com a imagem que a mente projeta acerca de si próprio. Tal estado de ser, gera, alimenta e perpetua a sensação de “eu sou o corpo”, de apego ao corpo, a segurar aquilo que se toma por “seguro”, o conhecido. Isto inevitavelmente gera dor quando se experiencia por exemplo a perda de um emprego, ou o fim de um relacionamento ou, talvez o maior desafio da vida submetida às leis do tempo e espaço e da mente, a morte de um ente querido.



Uma vivência de luto ou perda em si serve como gatilho para que um conjunto de resistências psicoemocionais sejam acionadas, havendo uma forte tendência para identificação ora com o passado ora para o futuro, fazendo sentir “falta de chão”. Situações como insónias, perda de apetite, reatividade, culpa, abandono, medo, etc., poderão ser experienciadas, de forma a expressar o vivenciado.

É desejável que, de forma a retornar a um equilíbrio são, serem vividas por inteiro fases durante este processo de forma a respeitar, abraçar e curar todas as feridas emocionais e mentais. Assim, da negação e incredulidade inicial vive-se depois o sentimento de ausência; depois, vem naturalmente o início da parte do processo de aceitação e depois a sanação, transformando o sentimento de perda. Finalmente, ocorre uma análise sobre o sucedido, onde a palavra “morte” é impregnada com outro significado de forma natural.

O Transpessoal ajuda a travessia deste profundo processo de perdas, ajudando ao despertar para algo mais amplo, sanador e ao mesmo tempo também profundo, para lá das fronteiras espaço/tempo, da dualidade e separação cultivadas pela mente.
É reconhecido o que representa o sucedido, permitindo assim de forma natural renascer das cinzas uma consciência mais plena, verdadeira e integral para a Vida.
... Aquilo que é o fim para a lagarta, é o início para a borboleta.

Namastê ~ M.
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