quinta-feira, 14 de maio de 2015

Espelho, espelho meu...


Já lhe aconteceu viver uma situação num determinado momento do dia, e disse “Oh não…. Outra vez isto?”. A realidade percebida depende da forma como cada um se encontra recetivo e disponível a esse instante. Não é que a experiência seja igual à anterior. Está-se sim a repetir e a fazer sentir uma emoção do passado através de mecanismos de interpretação mental, que criam a ilusão de se estar a repetir a situação. E porquê? Porque a Vida é inteligente, e sabe que o aluno não foi capaz de retirar o sumo da experiência da situação do passado. E então, a forma repete-se uma e outra vez, até que finalmente o aluno “observa” o sumo e bebe a aprendizagem. “Ah! Era isto…”.

Numa das minhas últimas palestras falava-se deste tema. Uma participante mencionou que no simples facto de apontarmos o dedo indicador, ao mesmo tempo na mesma mão três outros dedos apontam para nós próprios, como se uma inteligência profunda dissesse: “Trás isso para dentro e observa em ti o que a situação te mostra”. Foi muito profundo e interessante. Poderá fazê-lo agora. Aponte para fora o dedo indicador e observe a forma como outros três dedos apontam para si ao mesmo tempo. Poderá eventualmente observar uma sensação do tipo “tremor de terra” a aflorar.

Quando nos vemos ao espelho e queremos alterar o que vemos, não esperamos que seja o reflexo a mudar, mas sim, devolvemos para nós próprios a tarefa de fazer algo nesse sentido. A realidade é um reflexo. Acredita-se ver fora o que é acreditado dentro. É mais confortável transferir responsabilidade de mudar algo para o exterior, apontando fora culpas e causas de efeitos que sentimos dentro. É mais conveniente para a preservação da imagem que temos de nós próprios, pois assim essa ideia de quem somos permanece “segura”, no seu pedestal, revestindo o papel de vítima. Porém, essa imagem é frágil na sua aparente solidez. Ao mínimo solavanco, se a vida toca num ponto crítico, faz estremecer toda a estrutura individual, dando origem a reações oriundas de um estado de ser dividido, compartimentado e estancado no seu interior. Lembre-se que sempre que reagimos estamos a “atacar” e o ataque pressupõe defesa. Observe que reação defensiva é efeito, emoção de medo a causa. Observe o movimento das emoções, a forma transitória como vêm e vão. Aprenda a não se agarrar a elas, a não se identificar com elas.

Aprendamos a estar presentes, a explorar o próprio interior, para que se possa observar onde e quando “reagimos”. Se em vez de reação houver espaço para resposta, não estaremos a viver o presente distorcendo-o com imagens guardadas do passado.

É tempo de se libertar do passado e viver plenamente o presente.
Porque você merece!

Namastê
M.
www.raiosdomesmosol.blogspot.com

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